quinta-feira, 14 de novembro de 2013

"Pibinho" e "Crimão"

Lá fora há uma grande discussão acadêmica sobre o quanto a situação da economia afeta a criminalidade, com algumas pesquisas comprovando as correlações entre os fenômenos e outras não.

Sempre argumentei que o Brasil é um caso apropriado pra observar esta relação entre economia e crime pois aqui os efeitos são mais diretos e visíveis: grande parcela da população trabalhando no mercado informal e reduzida rede de proteção social estatal durante as crises são alguns dos muitos fatores que nos diferenciam dos países mais desenvolvidos, sem falar dos menores riscos de punição e da maior desigualdade.

 Estes fatores atenuam os efeitos dos “business cycles” sobre o crime nos países desenvolvidos e acentuam estes mesmos efeitos no Brasil e outros países em desenvolvimento. Na tabela abaixo analisamos as variações do PIB nacional durante 68 trimestres (desde o 3º de 1996), subdividindo os trimestres em 9 grupos, listados na primeira coluna.

Report
Mean
DOMESTIC GDP (Binned)
CRIME INDEX
MEAN VARIATION OF 8 CRIMES
INDEX OF VIOLENT CRIMES
INTENTIONAL HOMICIDE SAO PAULO
ROBBERY SAO PAULO
CAR ROBBERY SAO PAULO
<= -,70
10,5109
11,3200
23,5524
5,3800
22,5633
33,3200
-,69 - ,80
9,0635
11,0700
17,2601
5,3080
16,8240
23,1680
,81 - 1,46
7,6428
6,8771
9,8323
-1,7557
11,7414
10,1643
1,47 - 2,95
3,5518
5,2700
7,2838
6,5733
6,4640
11,0207
2,96 - 3,70
3,3204
-1,0200
3,4137
-8,7756
5,0156
,7467
3,71 - 4,73
1,2936
-1,2925
,2107
-7,1475
,2131
2,7863
4,74 - 5,00
-2,3764
-1,9590
-,7925
-13,6900
1,6270
-4,6610
5,01 - 6,41
-5,0169
-5,8400
-6,4875
-14,6350
-2,1750
-8,9550
6,42+
-9,9400
-7,3700
-11,9500
-1,6000
-12,8050
-10,3600
Total
2,6164
2,0381
4,7005
-3,3872
5,3017
6,0626

Como se pode observar, os trimestres estão ordenados na tabela pela magnitude, começando com os que apresentaram queda no PIB (em relação ao mesmo período do ano anterior) e terminando com os que apresentaram forte crescimento. As demais colunas trazem, por sua vez, as variações de diversos indicadores de criminalidade no Estado de São Paulo.

Como se observa, na maioria dos casos há uma relação linear entre o desempenho do PIB no trimestre e a evolução da criminalidade. O crime cresce muito nos trimestres onde há queda do PIB e cai moderadamente nos trimestres com elevado crescimento do PIB. (em outros termos, os ciclos são assimétricos). Com “Pibão” temos “criminho” e vice-versa!

Sem estender muito a análise, o que esta correlação sugere é que o “pibinho” dos últimos trimestres é um dos principais culpados pelo crescimento da criminalidade patrimonial observada em vários estados nos últimos tempos. Largar o mundo do crime, pelo que sugerem os dados, só é uma opção racional para os criminosos quando a economia cresce a taxas superiores a 3%, o que faz tempo não observamos no país.

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