Não existe um sistema nacional para
monitorar a criminalidade nos estados de forma atualizada. Para ter uma noção
do que está ocorrendo em nível nacional e estadual, alimento um B.I. no meu
blog desde 2011 , com base nas informações publicadas mensalmente por algumas
secretarias estaduais de segurança. No link abaixo é possível efetuar outras
consultas e ler as observações sobre a cobertura espacial e temporal dos dados;
Entre outras utilidades, o sistema
permite comparar a situação de alguns estados, verificar os ciclos criminais,
os impactos da economia sobre a criminalidade, eventuais erros nos dados
divulgados, identificar cases positivos, identificar o eventual efeito
de intervenções, etc.
Nesta apresentação, seguem slides
selecionados com os dados atualizados até 2017.
Como já adiantado em artigo no blog no
ano passado, os dados corroboram a hipótese de que crimes patrimoniais estão
caindo de forma generalizada em 2017, com a retomada do crescimento da
economia.
Furtos, furtos de veículos, latrocínios,
roubos e roubo de veículos caem, de modo geral, em 2017 com relação a 2016. No
RJ, em compensação, continuaram a subir em 2017. Neste sentido, o RJ parece ser
uma exceção no cenário nacional.
Note-se que as variações criminais no RJ
e SP são tradicionalmente bastante similares. Rio teve de fato crescimento
anormal de roubo e roubo de veículos em
2016 e início de 2017 mas a pior fase já foi ultrapassada. Dados mais recentes
sugerem o início de um ciclo de queda também no RJ.
É importante levar em consideração as
tendências criminais anteriores para avaliar o impacto da intervenção federal
no RJ, que tem início, portanto, já num
ciclo de queda da criminalidade;
Note-se o impacto da greve da PC no Rio
de Janeiro, por volta de fevereiro de 2017, especialmente na notificação de
crimes menos graves como furtos e lesões corporais.
Se a justificativa para a intervenção é
um aumento súbito e dramático da criminalidade, o caso do crescimento dos
homicídios no Ceará em 2017, onde os homicídios subiram 50%, justificaria uma
intervenção naquele Estado.
Em termos de taxas, o RJ não chama a
atenção na maioria dos casos, ficando ora acima, ora abaixo da média nacional,
dependendo do indicador escolhido. O crescimento súbito do roubo de veículos
nos últimos anos, contudo, fez com que a taxa no RJ ficasse entre as mais
elevadas do país.
Regra geral, tendências de tráfico e
roubo de veículos são invertidas: uma sobe quando a outra desce e vice-versa.
Os ciclos econômicos respondem pela maior parte do fenômeno mas é possível
especular que no RJ o foco da segurança no tráfico de drogas tenha provocado
uma migração criminal para roubo de cargas e roubo de veículos.
Link para o power point no research gate, com a apresentação completa
https://www.researchgate.net/publication/323428492_Algumas_tendencias_criminais_no_Brasil_em_2017