Depois de um pico criminal em março de 2009, provocado pela crise econômica mundial e que afetou quase todos os estados brasileiros, o Rio de Janeiro manteve uma sequencia ininterrupta de bons resultados nos seus índices criminais durante 34 meses. O ápice desta melhora dos indicadores ocorreu por volta de fevereiro de 2011. Desde então, as quedas criminais no Rio de Janeiro passaram por um processo de desaceleração lenta e contínua, sugerindo que uma inversão estava em curso. (a minha interpretação em post anterior de que o RJ tinha estancado a inversão estava equivocada e foi influenciada pelos bons resultados de janeiro de 2012)
Como nenhum ciclo de queda (ou de alta) pode se manter continuamente, os dados de fevereiro de 2012 mostram finalmente um aumento da criminalidade naquele estado, quando comparados a fevereiro de 2011, ponto mais baixo da queda dos últimos anos.
Assim, com relação a fevereiro do ano anterior, os dados do último mês trazem um crescimento de 0,65% nos roubos, 30,7% nos roubos de veículos, 10,1% nos furtos de veículos, 16,6% nos furtos e 3,2% nos homicídios. O resultado global mensurado pelo ICRJ, em resumo, mostra um primeiro aumento geral na criminalidade nos últimos 34 meses.
Mas é preciso lembrar que estamos comparando justamente com o ponto mais baixo da criminalidade dos últimos anos, fevereiro de 2011, o que “infla” de modo um tanto artificial os aumentos de fevereiro de 2012. Mesmo assim, é inegável a deterioração da situação criminal no Rio de Janeiro, que mostra enfraquecimento progressivo na sua performance nos últimos 12 meses.
Este resultado contrasta com a situação de outros estados que, ao contrário, revelaram desaceleração da criminalidade nos últimos 4 meses.
Como os resultados cariocas foram relativamente bons em 2011, na comparação, nos próximos meses, é provável que continuemos a ver estes crescimentos nas variações, comparadas com os mesmos períodos do ano anterior.
Estes crescimentos precisam contudo ser relativizados, pois no âmbito geral o Rio vem mostrando uma política consistente na condução da segurança e a conjuntura econômica um pouco mais favorável, que já ajuda na queda criminal dos outros estados, deve favorecer igualmente o Rio de Janeiro no futuro próximo. Mas fica o alerta de que as inovações da segurança precisam ser alargadas e aprofundadas e que as UPPs não são suficientes para deter a força dos ciclos criminais, que se prendem a fatores mais poderosos e complexos da estrutura sócio-econômica e demográfica carioca e dos ciclos econômicos do Brasil.