quinta-feira, 28 de abril de 2011

Quase metade da população do Paraná não se sente segura no estado

Fonte: Gazeta do Povo

Quase a metade da população não se sente segura em sua cidade, conforme o estudo “Ca­­racterísticas da Vitimização e do Acesso à Jus­tiça no Brasil”, da Pesquisa Nacio­nal por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, elaborado com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Es­­tatística (IBGE) e divulgado ontem. Ao todo, 47,2% dos brasileiros temem circular onde vivem. No Paraná, o número de pessoas amedrontadas (45%) é menor do que a média nacional, mas é disparada a mais alta da Região Sul. A sensação de insegurança cresce na proporção em que as pessoas se afastam de casa. Apesar de ser característica comum ao país, nem sempre os domicílios são fortalezas invioláveis.

Não há explicação para a diferença sentida entre Paraná e os demais estados do Sul, segundo especialistas. O medo, de uma forma geral, é irracional e a mídia é, de certa maneira, “culpada” por isso, avalia o sociólogo e criminólogo Túlio Kahn, diretor do Departa­mento de Planejamento e Análise da Polícia do Estado de São Paulo. “Os crimes violentos, que são minoria na realidade policial, são superexpostos na cobertura jornalística. Do mesmo modo, os crimes contra o patrimônio, como o roubo de veículos, que são a maior parte dos números das estatísticas criminais, dificilmente aparecem na tevê ou nos jornais”, afirma.

Quanto mais distante da realidade, maior a sensação de insegurança, na avaliação de Kahn, também ex-coordenador de Pesquisa do Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e o Tratamento do De­­linquente (Ilanud). “Um exemplo é a diferença de perfis entre as pessoas que se dizem inseguras e aquelas realmente vítimas dos crimes”, afirma.

Em geral, conforme o estudo do IBGE, homens entre 16 e 34 anos são potenciais vítimas de roubos e furtos. Se a renda for mais alta, maior é a chance de ser vítima da violência. “Na pesquisa, as pessoas que se mostram com mais medo são as mulheres e os mais velhos, por questões físicas e culturais”, diz.

Quando os índices de criminalidade destoam dos demais indicativos de um municípios, a sensação de insegurança atrapalha ainda mais, avalia o ex-secretário Nacional de Segurança Pública e coordenador do Instituto Minas pela Paz, José Vicente da Silva Filho. Ele cita Curitiba como exemplo: “teve um aumento grande na criminalidade, como na taxa de homicídios, mas apresenta bons indicativos de qualidade de vida”, afirma.

Não só do imaginário nasce o medo da sociedade. E os dados de furtos e roubos confirmam isso. Em 2009, perto de 8,7 milhões de brasileiros sofreram tentativa de assalto, enquanto 11,9 milhões efetivamente foram roubados/furtados. Na comparação com 1988, nota-se um crescimento de 37% nos casos de furtos e roubos no Brasil. Há duas décadas, 5,4% da população padeceu desse mal, enquanto no ano passado o índice foi de 7,4%. “Houve aumento da população, do número de cidades e da atividade econômica. Sempre que riqueza e pobreza se misturam, há tendência de ocorrer mais crimes”, afirma ex-comandante da Polícia Militar de São Paulo, Rui César Melo.

De 2008 para 2009, houve aumento no número de roubos no Paraná registrados pela 4.ª edição do Anuário Estatístico do Fórum Brasileiro de Segurança, divulgado na última terça-feira. De 345,8 ocorrências para cada 100 mil habitantes, o estado chegou a 351,9 roubos para cada 100 mil. “Os números são objetivos. Evidentemente, a população tem aumentado e, por consequência, cresce o número de crimes. Entre as razões para isso, está a dificuldade da polícia em combater os criminosos”, esclarece Melo.

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