quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Seminário analisará propostas para melhorar a segurança nas cidades

Seminário analisará propostas para melhorar a segurança nas cidades


Túlio Kahn, consultor de segurança pública do Espaço Democrático
A sensação de insegurança experimentada por cidadãos de todo o País e as propostas em discussão no Congresso para reduzir a criminalidade serão temas do seminário que o Espaço Democrático promove na segunda-feira, 4 de março, a partir das 19 horas de Brasília. Com a participação dos especialistas em segurança pública Túlio Kahn e José Vicente da Silva, o debate estará aberto a internautas de todo o País, que poderão enviar perguntas e sugestões via internet. Para participar, basta acessar o endereço www.psd.org.br, no horário marcado, e seguir as instruções na tela.
O evento integra o Ciclo de Debates “Desatando os nós que atrasam o Brasil”, promovido para discutir propostas que poderão integrar o programa partidário do PSD, a ser analisado em meados deste ano durante a convenção nacional da legenda.
O seminário reunirá dois dos maiores especialistas do Brasil em segurança pública. Túlio Kahn é sociólogo formado pela PUC de São Paulo, com mestrado e doutorado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Colaborador do Espaço Democrático, Kahn atua como consultor da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, foi diretor do Decasp – Departamento de Cooperação e Articulação das Ações de Segurança Pública – do Ministério da Justiça no final do governo Fernando Henrique Cardoso e secretário executivo e pesquisador do ILANUD – Instituto Latino Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e o Tratamento do Delinquente entre 1999 e 2002.
Por sua vez, José Vicente da Silva Filho é coronel da reserva da PM de São Paulo e ex- Secretário Nacional de Segurança Pública. Ele graduou-se no Curso de Formação de Oficiais da Academia de Polícia Militar do Estado de São Paulo e é mestre em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da USP. Foi coordenador do programa de governo na área de segurança pública de Mário Covas (1994) e membro do grupo de formulação do programa de segurança pública do governo Fernando Henrique Cardoso (1994).
Durante o debate, serão analisadas as reformas previstas no Código Penal, entre elas a descriminalização do uso de drogas, a tipificação do crime de milícia, redução da progressão de pena de 1/6 para 1/3, tipificação de crimes cometidos pela internet, aumento da pena máxima de prisão de 30 para 40 anos para os presos que cometerem crimes na prisão, criminalização do uso de celulares nas prisões e várias outras mudanças.
Os debatedores, durante o encontro, devem avaliar o projeto de reforma atualmente em tramitação no Congresso e analisar seus impactos na redução da criminalidade, sugerindo iniciativas que podem tornar mais efetivas as mudanças.
Entre as propostas a serem analisadas, são exemplos a ampliação das funções das Guardas Municipais na segurança pública; a utilização das Parcerias Público Privadas para a construção e gestão de unidades prisionais;  criação e ampliação de um banco de dados nacional unificado com impressões digitais, DNA e balística; aumento do tempo mínimo para que o preso possa progredir do regime fechado para o semiaberto; e diversas outras.
Mobilização
Este será o 4º encontro do Ciclo de Debates “Desatando os nós que atrasam o Brasil”. A exemplo do que ocorreu nos eventos anteriores, em vários diretórios estaduais e/ou municipais do PSD, filiados e militantes estarão reunidos para assistir ao seminário, enviando perguntas e sugestões via internet aos participantes.
No debate anterior, sobre o tema Economia Criativa, mais de 170 pessoas estiveram presentes no encontro promovido pelo diretório de Goiás, em um hotel no centro de Goiânia. Na pequena cidade de Arara, no interior da Paraíba, outras 150 se reuniram no auditório da Câmara Municipal para participar do evento.
Projeto para a Nação
Esses encontros são parte de um processo ousado e inovador, em que foi estimulada a participação de filiados e simpatizantes de todo o País no debate sobre as propostas a serem defendidas pelo partido.
Como deixou claro desde a sua criação, o PSD optou por um caminho diferente na formulação de seu programa de ação. Em vez de se apresentar ao País com um programa previamente elaborado por um pequeno grupo de especialistas e políticos, o PSD estabeleceu um processo aberto e participativo.
Além de colocar ferramentas virtuais à disposição de seus integrantes – para facilitar o debate de ideias – o partido promoveu eventos em todo o País para apresentar algumas diretrizes básicas e ouvir as lideranças e militantes locais sobre o que esperam do partido e o que querem para o Brasil

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Debate sobre segurança pública em 4 de março, on-line


Caros amigos, no dia 4 de março, as 19:00, estarei coordenando o debate sobre segurança pública na Fundação Espaço Democrático, onde elaboramos o projeto nacional de segurança pública para o PSD. É possivel assistir on-line e enviar perguntas aos participantes, pelo site www.psd.org.br
Agradeço a divulgação do evento.
Tulio Kahn

Próximo #seminárioPSD, o tema agora é Segurança Pública.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Insegurança aumenta e 91% acham pouco seguro viver em São Paulo

17 de Janeiro de 2013 11h00
 
Marina Novaes
Direto de São Paulo
O aumento da criminalidade em São Paulo, registrado nos últimos meses, fez com que a sensação de insegurança do paulistano atingisse seu maior nível desde 2008. De acordo com pesquisa Ibope encomendada pela Rede Nossa São Paulo (ONG criada para buscar melhorias para a capital paulista), divulgada nesta quinta-feira, 91% dos entrevistados consideram pouco ou nada seguro viver na capital paulista - em 2008, eram 87%, sendo que o menor índice foi em 2010 (84%).
O dado faz parte dos Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), que avalia anualmente vários aspectos que impactam sobre a qualidade de vida dos moradores da maior capital do país. Segundo o coordenador executivo da organização não governamental, Maurício Broinzi Pereira, o grau de satisfação com a segurança foi o que caiu, em um ranking que avalia 25 aspectos.
"A pesquisa captou o momento que São Paulo vive. O resultado reflete os impactos dos acontecimentos dos últimos meses", avaliou o coordenador executivo. Ao todo, 46% classificaram a capital paulista como "pouco segura" e outros 45% a avaliaram como "nada segura" - no ano anterior, esse índice era de 35%. Apenas 9% dos entrevistados disseram se sentir seguros, sendo que a opção "muito segura" não passou de 0%.
Questionados sobre do que mais têm medo, 71% dos entrevistados responderam a "violência em geral"; 63% disseram temer "roubos e assaltos" e 41% afirmaram ter medo de "sair à noite". Já ao serem questionados sobre quais medidas deveriam ser feitas para diminuir a violência, a resposta mais citada foi "combater a corrupção na polícia e nos presídios", seguida por "criar oportunidades de trabalho para jovens de baixa renda" e "aumentar o número de policiais nas ruas".
O aumento da sensação de insegurança e a crescente onda de crimes e assassinatos no Estado motivaram a ONG a elaborar um manifesto, entregue ao prefeito Fernando Haddad (PT), pedindo o combate à violência "na raiz de suas causas". Embora o texto aborde a relação entre a Polícia Militar (e outros órgãos de segurança) e a sociedade, o manifesto foca o debate na geração de oportunidades de educação e trabalho e na falta de estruturas de lazer, cultura e esporte na periferia o que, na avaliação do movimento, são a "base" do problema.
"As periferias de São Paulo sofrem com um total vazio de equipamentos culturais, lazer e de educação, principalmente do ensino médio, e com a falta de oportunidades de trabalho. (...) Mais de 250 mil jovens entre 15 e 19 anos estão fora do ensino médio, e o índice de desemprego entre 15 e 24 anos é elevado. (...) Isso é a base do problema. O que nós propomos são medidas - de curto, médio e longo prazo -, para enfrentar a violência na raiz de suas causas, e não focar só no combate à criminalidade, para que os jovens tenham mais alternativas que não sejam o crime", explicou o coordenador executivo da ONG.
A Rede Nossa São Paulo já solicitou ao governo de São Paulo e ao Ministério da Justiça audiências com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o ministro José Eduardo Cardozo para entregar o mesmo manifesto e discutir outras ações para reduzir a violência no Estado.
Vontade de mudar
A amostra também revela que piorou, de modo geral, a percepção dos paulistanos em relação à qualidade de vida. Ao todo, apenas 38% disseram que a vida melhorou pouco - no ano anterior, esse percentual era de 44%. Mais da metade (56%) ainda afirmou que, se tivesse oportunidade, sairia de São Paulo - esse índice vem se mantendo estável.
Ao todo, oito em cada 10 paulistanos estão insatisfeitos com a qualidade de vida na cidade - o maior índice pior desde 2009. Dos 169 itens avaliados, 28 receberam nota acima da média, dois deles estão na média e 139 ficaram abaixo da média, segundo a pesquisa.
Também diminuiu a satisfação dos paulistanos em relação à saúde. Um dos pontos mais críticos foi em relação ao tempo de espera para consultas e exames nos serviços públicos: para consultas, o tempo de espera passou de 52 para 66 dias; para exames, de 65 para 86 dias; para procedimentos mais complexos (internações e intervenções cirúrgicas), de 146 para 178 dias.
O levantamento também mediu a satisfação com a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), sendo que 17% consideraram a administração municipal ótima ou boa; 48% a avaliaram como regular e 35% a consideraram ruim ou péssima. A Câmara Municipal também foi mal avaliada: 46% a avaliaram como ruim ou péssima, 39% como regular e apenas 11% como ótima ou boa.
O instituto ouviu 1.512 moradores de São Paulo entre os dias 24 de novembro e 8 de dezembro de 2012. Ao todo, 58% dos entrevistados nasceram em São Paulo e, dos 42% que não nasceram, 82% moram há mais de 10 anos na cidade. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Legalização do aborto e a redução da criminalidade, tese polêmica do economista Steven Levitt

Legalização do aborto e a redução da criminalidade, tese polêmica do economista Steven Levitt

Fonte: Revista Época
Nas décadas de 1970 e 1980, os crimes violentos haviam crescido até 80% nos Estados Unidos. As previsões para o futuro eram catastróficas. No começo dos anos 1990, para surpresa de todos, os índices começaram a cair. Em alguns deles, a queda foi de mais de 40%. No primeiro momento, os especialistas ficaram desconcertados. Depois começaram a tentar apontar as razões mais óbvias para o recuo da criminalidade: endurecimento da polícia, tolerância zero com pequenos delitos, leis mais rígidas e melhora na economia. O economista Steven Levitt testou a maioria dessas hipóteses. Os resultados decepcionaram – eles apontavam influências apenas residuais desses fatores nos índices de violência. Quando relacionou os números do crime com a legalização do aborto, em 1973, Levitt levou um susto. Havia uma forte ligação entre os dois fenômenos.
O aborto seria, segundo Levitt, responsável por 25% da queda na criminalidade. De acordo com ele, a legalização da prática teria servido, indiretamente, para evitar o nascimento de crianças pobres, fadadas a viver uma infância de abandono e candidatas a entrar para o mundo do crime. Como era previsível, Levitt foi atacado por sustentar essa tese. Muitos a consideraram absurda, não apenas de tom “politicamente incorreto”, mas de teor quase fascista. Outros o criticaram com base nos argumentos morais contrários ao aborto. Alguns poucos questionaram a metodologia usada. Até agora, porém, a tese de Levitt não foi derrubada. “Levitt é um sujeito capaz de enxergar dados de um jeito como ninguém viu antes”, diz o economista brasileiro José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade Princeton. Levitt é hoje um dos economistas mais respeitados no mundo acadêmico. É professor da Universidade de Chicago, que reúne a maior concentração de vencedores do Prêmio Nobel em Economia, onde ocupa a cadeira que já foi de Scheinkman. Em 2003, Levitt ganhou a medalha John Clark, concedida ao mais destacado economista com menos de 40 anos.
No Brasil, a delicada discussão levantada por Levitt sobre o aborto está prestes a começar. Numa dissertação de mestrado aprovada em outubro do ano passado na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ), o economista Gabriel Hartung sugere que a legalização do aborto seria uma alternativa para reduzir os altos índices de criminalidade no Brasil. Inspirado em Levitt, o trabalho de Hartung sugere o aborto como um recurso capaz de diminuir o número de potenciais criminosos na sociedade. “Estudos como esse são importantes para abrir um debate”, diz Scheinkman. “Eles suscitam discussões, geram novos trabalhos. É o acúmulo de experiências que conta.”
Por mais provocadora ou incendiária que possa parecer, a tese de Hartung merece ser discutida. Antes de julgar sua conclusão por convicções, é preciso conhecer em detalhes seu trabalho. Assim como o de Levitt, ele segue uma linha inovadora da economia, menos conhecida que o tradicional mundo da inflação e das taxas de juro. Desde os anos 50, uma vertente de economistas passou a usar para outros fins os amplos recursos aprendidos com o estudo de temas como política monetária ou contas públicas. O pioneiro foi Gary Becker, ganhador do Prêmio Nobel em 1992. Becker usou os instrumentos matemáticos e as teorias econômicas para desvendar questões práticas da vida comum. Fundou uma espécie de “economia da vida cotidiana”. Hoje, o saber dos economistas é aplicado para explicar assuntos como estabilidade de casamentos, mecanismos de preconceito racial e até esportes. Levitt, com o livro Freakonomics, tornou-se uma celebridade no mundo dessa “economia da vida cotidiana”. No Brasil, poucos economistas se dedicam a essa área. É o caso do pesquisador Ricardo Paes de Barros, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e, mais recentemente, de Hartung. “O uso dos métodos econômicos pode ajudar a discutir causas e efeitos dos problemas”, afirma o economista, ex-presidente do Banco Central e colunista de ÉPOCA Gustavo Franco. “A aplicação da estatística melhorou a economia e pode melhorar as políticas contra o crime.”
Durante dois anos, Hartung leu dezenas de livros e artigos científicos econômicos relacionados à criminalidade. Depois foi em busca de dados estatísticos sobre crimes. Recolheu informações de 643 cidades do Estado de São Paulo, entre 1999 e 2001 – na penúria estatística do Brasil, elas eram as únicas que preenchiam as exigências de seu trabalho. Desenvolveu então uma metodologia para comparar os dados e cruzou os dados de criminalidade paulistas com dados populacionais e socioeconômicos brasileiros do período entre 1980 e 2000. Em sua pesquisa, ele testou todos os fatores normalmente associados à criminalidade: pobreza, desigualdade social e baixo crescimento econômico. No julgamento isento e frio dos números, nenhum deles era responsável pelos índices de criminalidade como um todo. De acordo com os resultados obtidos por Hartung, fatores econômicos podem explicar parcialmente por que bandidos cometem crimes contra o patrimônio, como roubo ou furto. Mas não crimes violentos, como assassinato ou estupro. “Seria impossível combater a criminalidade apenas com o crescimento econômico”, diz Hartung. “Nos testes, o efeito do crescimento é baixo.”
Três fatores, em seus testes, manifestaram uma relação consistente com as taxas de criminalidade:
1) a alta taxa de fecundidade;
2) o número de crianças que viviam com apenas um dos pais;
3) o número de mães adolescentes.
Tais fatores, segundo Hartung, estão relacionados tanto aos crimes contra o patrimônio quanto aos crimes violentos. “O número de pessoas nessas situações em 1980 foi o fator mais influente nos índices de criminalidade 20 anos depois”, afirma Hartung. Na prática, nos lugares onde havia mais filhos indesejados, nascidos de mães solteiras, de mães adolescentes ou abandonados por um dos pais, a criminalidade era maior. “São justamente mulheres nessas situações que costumam optar pelo aborto”, diz Hartung. “Minha tese conclui que a fecundidade desse tipo de mãe afeta a criminalidade. Uma política pública que consiga reduzir a fecundidade delas, como o aborto, reduziria a criminalidade.”
Outras pesquisas parecem confirmar os resultados de Hartung. Nos países onde o aborto é legal, as mulheres que o buscam são, em geral, mães solteiras, adolescentes e de regiões com altas taxas de fecundidade – os mesmos fatores relacionados à criminalidade, segundo Hartung. A fragmentação das famílias, levantada por ele como fator que favorece o crime, também já apareceu em outras pesquisas. Em 2003, depois de ouvir as histórias de 682 presidiários em Brasília, estudiosos concluíram ser possível explicar crimes violentos pela herança familiar dos autores, enquanto os crimes contra o patrimônio estavam relacionados às condições econômicas. Nos Estados Unidos, 14% dos presos são órfãos, enquanto na população em geral esse número é de apenas 3%. Quase metade dos detentos no país, ou 43%, foi criada sem o pai ou sem a mãe – na população, esse índice é de 24%. A ausência do pai, especialmente, parece ser o maior problema, porque, segundo os estudos, ela afetaria mais a formação do menino – e a maioria dos criminosos são homens.
Após a aprovação da lei de interrupção da gravidez, em 1973, a fecundidade nos Estados Unidos caiu 5,4%. Entre as adolescentes, a queda foi de 13%. Entre as mães solteiras, de 7%. Como o aborto não é legal no Brasil, é impossível realizar uma comparação com os dados americanos. Em complemento a seu trabalho, com base nos dados paulistas, Hartung fez uma projeção que considera conservadora do que aconteceria se o aborto fosse legalizado no Brasil. Segundo ele, poderia haver uma queda de 10% na taxa de homicídios e de 8% nos crimes contra o patrimônio. “Esse número poderia ser ainda maior”, diz Hartung. “No Brasil existem mais mães solteiras e adolescentes, que poderiam optar pelo aborto.”
As afirmações de Hartung, um jovem economista, despertam desconfiança entre os especialistas em criminalidade – a maioria deles egressos das ciências sociais. Sociólogos não costumam enxergar a questão apenas pela lente fria dos números, tão cara aos economistas. De acordo com Tulio Kahn, sociólogo que pesquisa o tema há mais de uma década e hoje coordena uma área da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, pesquisas recentes questionam a capacidade de explicar a criminalidade apenas com a “teoria do aborto”. “Essa teoria, levantada pelo trabalho de Levitt, pode ser interessante para entender o fenômeno entre alguns grupos sociais”, afirma Kahn. “Mas não para explicar mudanças nas tendências da criminalidade ao longo do tempo.” Mesmo com essa ressalva, Kahn considera estudos como o de Hartung importantes para orientar o trabalho do governo na área de segurança. Nos Estados Unidos, afirma Kahn, foram criados grupos de acompanhamento de mães adolescentes solteiras como forma de prevenção ao crime. Os resultados, até agora, mostram uma redução no envolvimento desses grupos com a criminalidade. “Não é preciso legalizar o aborto para reduzir o crime”, diz Kahn. “É possível adotar outras medidas preventivas.”
Outros especialistas condenam teses como a de Hartung por enxergar nelas uma carga de preconceito. “As implicações de um trabalho assim são delicadas”, afirma o sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Segundo ele, a associação do aborto à redução da criminalidade poderia sugerir uma espécie de limpeza social a partir da eliminação preventiva de bandidos. “Ela pode soar como uma tentativa de tirar mais um direito dos pobres – ter filhos. Também é preciso tomar cuidado para não suscitar discussões sobre eugenia (teoria de seleção e controle social).” Finalmente, justificar a legalização do aborto sob o argumento de evitar mais crimes esbarra em resistências religiosas. Qualquer vida, mesmo a criminosa, é sagrada do ponto de vista religioso.
Trabalhos como os de Hartung e Levitt chocam não apenas por tocar em questões emocionais ou religiosas, mas também por contrariar o senso comum. Em debates acadêmicos, programas de televisão ou mesas de bar, causas e soluções do crime são apontadas aos montes. Normalmente, fala-se em pobreza, desigualdade, desemprego, educação deficiente ou baixo crescimento econômico. As soluções mais populares são prisão, pena de morte, educação e crescimento econômico. A questão do planejamento familiar, em cujo contexto se insere o debate sobre o aborto, nem costuma ser lembrada.
A tese de Hartung não pode ser vista como um argumento definitivo em prol da legalização do aborto. “Trabalhos empíricos são sempre muito discutidos, mas não são definitivos”, diz o economista Scheinkman. A ciência econômica também não leva em conta julgamentos morais, crenças religiosas nem a viabilidade política. Ela usa modelos matemáticos e testes exaustivos para comprovar ou demolir uma teoria. É certo que os debates em torno do aborto e da criminalidade devem levar em conta pesquisas como a de Hartung. Mas também outras, inclusive as que vierem a contestá-la. Só não é recomendável deixar de examinar todos os argumentos por correção política ou preconceito.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O Enfoque preventivo da OMS



Semana passada estive em Genebra para um encontro de especialistas em prevenção ao crime na Organização Mundial de Saúde. A Organização Mundial de Saúde está elaborando um Guia com boas práticas de prevenção a violência e à criminalidade, baseado numa meta análise das melhores evidências científicas provenientes de estudos que avaliaram o impacto de políticas e programas preventivos colocados em prática nas últimas décadas. O processo de análise foi bastante rigoroso e milhares de estudos acadêmicos foram revisados.


A mortalidade por causas externas em função da violência é uma das maiores responsáveis pelas mortes no mundo, especialmente de jovens, o que por si  já a torna numa questão de saúde pública. Na visão dos profissionais de saúde, além disso, as medidas baseadas apenas no sistema de justiça criminal não tem se revelado capazes de lidar com o problema.

Em linhas gerais, segundo a OMS, os programas preventivos – especialmente prevenção primária e secundária - apresentam uma relação de custo benefício superior aos projetos punitivos . Mas para serem mais eficazes, a implementação deve ser intensiva e de longa duração, focada nas populações e áreas de risco e ter início na primeira infância ou antes mesmo do nascimento das crianças. Nenhuma estratégia isolada é capaz de fazer grande diferença mas uma combinação de várias delas pode trazer impactos significativos sobre a violência. Como na área da saúde, os projetos para prevenção a violência são também de longo prazo, em sua maioria. É tarefa para vários governos e que deve ter continuidade para ser efetiva.

Entre as intervenções recomendadas estão programas de visitação doméstica, programas de apoio aos familiares, intervenções pré-escolares, treinamento em habilidades sociais, enriquecimento acadêmico em período extra-escolar, programas anti bullying e anti violência entre parceiros, incentivos financeiros e bolsas, treinamento vocacional, programas de tutores, intervenções para ensinar auto controle, terapias diversas, programas de prevenção a gangues, atividades recreativas, desenvolvimento urbano, redução de consumo de álcool  drogas e de armas. Regra geral, Intervenções em grupos mistos parecem ter melhores resultados do que apenas em grupos de jovens com desvios de comportamento.

Existem ainda boas práticas nas áreas de policiamento comunitário, policiamento orientado a problemas, policiamento com base em georeferenciamento, programas de participação comunitária e campanhas de mídia ou marketing de normas sociais. Por outro lado, programas populares como “visitas de amedrontamento  a presídios ou campos baseados em disciplina militar revelaram-se muitas vezes pouco efetivos.

Algumas destas intervenções trabalham com indivíduos, outras com famílias, escolas, grupos comunitários. Algumas focam no contexto e no ambiente e outras nas instituições do sistema de justiça criminal. Em resumo, são diferentes estrategias mas que em comum se revelaram capazes de diminuir atitudes e comportamentos violentos ou criminosos, quando bem implementadas. Mesmo que algumas intervenções sejam custosas e tragam benefícios apenas em longo prazo, a conclusão da OMS é que a pior política é simplesmente não fazer nada.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Por que o medo ? João Alkimin

POR QUE O MEDO?
O Tribunal de Justiça de São Paulo e o procurador Geral de Justiça Márcio Fernando Elias Rosa, recusam-se peremptoriamente a investigar os grampos instituídos pelo demitido Secretário Ferreira Pinto.
Porque?
Se os grampos forem legais nada há que se temer, mas duvido que sejam.
Tenho informações de fontes fidedignas que o monitoramento foi concedido por um Magistrado da área cível, se isso realmente ocorreu, é crime e tem que ser apurado.
Não é o Ministério Público que se diz guardião da moralidade ?
Não é o Ministério Público que quer ter o predicamento de investigar?
Ora, essa é a hora de mostrar à que veio.
E não procurar jogar a sujeira para baixo do tapete.
Será que os monitorados eram simplesmente marginais suspeitos?
Óbvio que não.
Policiais Civis, Juizes, Promotores, Jornalistas…
E talvez daí viesse o temor reverencial que era dedicado ao senhor Ferreira Pinto.
Quando ele foi demitido, pensei “Ah, agora conseguiram algum grampo contra ele!”, pois sob minha ótica, de livre e espontânea vontade não teria abandonado a cadeira.
Lembro aos leitores que é o mesmo Secretário que bradou aos sete ventos e determinou a instauração de inquérito para apurar se era vítima de “espionagem”, o que não é capitulado em nosso Código.
Quando publiquei seu encontro na calada da noite em um shopping com o Jornalista Mário Cézar Carvalho, que no dia subsequente soltou uma matéria contra Túlio Khan, desafeto do Secretário Ferreira Pinto.
Mas parece que nem tudo mudou na Secretaria de Segurança, pois quando o Jornalista Sandro Barbosa informou que foi vitima de monitoramento, o Promotor Arnaldo Hossepian investiu aos gritos contra o Jornalista, demonstrando total falta de controle e educação.
Saberia ele dos grampos ?
Afinal, foi Secretario Adjunto da Segurança, na gestão Ferreira Pinto e, é marido da Delegada de Polícia Alessandra, que esteve na Corregedoria Geral de Policia e hoje está na Corregedoria do Estado.
Diferentemente do repórter Sandro Barbosa, fui informado que meu telefone também foi monitorado, mas farei boletim de ocorrência e pedir instauração de inquérito policial.
Será que o Governador tinha conhecimento desse monitoramento ?
Ou seria ele refém ?
Só ele pode responder.
Porque manteve durante tanto tempo o Secretário Ferreira Pinto quando todos sabiam que o mesmo era um descalabro para a Segurança Pública ?
Que perseguia diuturnamente a Policia Civil, demitindo Policiais sem motivo jurídico relevante, Conde Guerra, Frederico, Marcelo, Carlos, Bibiano e inúmeros outros.
Não poderia ele desgostar o Secretário ?
Parece que nem tudo mudou na Segurança Pública, antes tínhamos um Secretário descontrolado, hoje temos o Procurador Arnaldo descontrolado.
Então, o que mudou?
Nada. Continua tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Lembro-me aqui de uma historieta que me foi contada: “O Imperador Caio Calígula, o flagelo de Roma, desfilava garboso em seu cavalo pelas ruas da cidade e era apupado pelo povo. E somente uma senhora dizia ‘ vida longa a Calígula!’. Intrigado o Imperador desceu do cavalo, dirigiu-se a mulher e disse ‘Mulher, todos me odeiam, porque tu me desejas vida longa?’
E ela respondeu: ‘ Porque sei que o que vier depois de ti, certamente será pior.”
Portanto, acho que o Procurador Geral de Justiça Elias Rosa deveria indicar um curso de boas maneiras e educação ao Procurador Hossepian, não sei se Madame Poças Leitão continua viva, se estiver está ai um bom curso de etiqueta e educação para o referido Promotor.
E quero deixar claro que se como Jornalista participar de uma entrevista coletiva, o único homem que podia gritar comigo, que era meu pai e nunca o fez, já está morto há algum tempo, para ser bem claro: Ainda está para nascer a mulher que vai dar a luz a um homem que se tornará procurador de Justiça e gritará comigo.
Se já começou assim, não sei como terminará, pois inclusive, faltou pulso ao Procurador Geral para determinar a seu subalterno que se contivesse e respeitasse o Jornalista que lá estava cumprindo seu papel.
Minha solidariedade a Sandro Barbosa, Jornalista sério, digno e honrado.
Mas diferente de mim, dotado de sangue frio e uma finesse digna de um gentleman britânico.
João Alkimin
joaoalkminp04_04_11

reprodução de post do Flitparalizante 1


Enviado em 14/12/2012 as 14:47 - Quem vai apurar isso?
Em postagens anteriores, havíamos mencionados a verdadeira rede de arapongas de botas instalada para abastecer de informações, algumas delas de interesse pessoal, a administração anterior da SSP. Com base nelas se norteava a administração anterior, de frente para a PM e de costas para a Civil.
Não só os estabelecimentos prisionais da SAP eram objetos dessa “arapongagem”, a própria sede da SSP e, quiçá, outras secretarias de Estado, eram alcançadas por esse tipo de expediente espúrio, o qual nos remete ao nada memorável período dos anos de chumbo de nossa história. Arapongas de botas operacionalizavam a construção de dossiês, abastecendo a administração anterior de eventual fundamentação para exonerações e destruição de reputações construídas ao longo de anos, tipo episódio do qual fora vítima o sociólogo Túlio Kahn.
Não podemos deixar de consignar os seguintes questionamentos, que nos deixam indignados, mormente quando seu cometimento se deu por quem, como fiscal da lei, tinha o dever legal de zelar pelo ordenamento jurídico deste país:
Como um Coronel da Reserva da PM é contratado para um cargo em comissão, devidamente remunerado, na assessoria especial da SSP, com sede na capital, e se instala num quartel da PM, no interior do Estado, montando uma central clandestina de monitoramento de conversação telefônica em estabelecimentos prisionais da SAP, ou seja, atividades que, devidamente autorizadas por lei, seriam do interesse exclusivo de outra secretaria do Estado? Com autorização judicial de quem se dava esse monitoramento? O Coronel da Reserva da PM tem atribuição constitucional para fazer investigação criminal comum? Havia inquérito policial instalado? Quartel da PM é Delegacia de Polícia? Qual o fluxograma dessas informações? Por acaso seria do Quartel de Presidente Prudente direto para o Comando da Rota para operacionalização de mais uma execução coletiva? Resultado: Implantação da política de segurança pautada pelo slogan: Por que prender se dá para matar?
Situação digna de investigação pelo Conselho Nacional do Ministério Público, Conselho Nacional e Estadual de Defesa dos Direitos Humanos e Entidades Internacionais que se dedicam à defesa de tais direitos.
Isso o Ministério Público não quer investigar. Luta para agregar ao seu extenso rol de atribuições constitucionais, o poder de investigação, mas não é de qualquer investigação, somente daquelas com grande viés político. Imagine se, para satisfação de todos os caprichos institucionais, terem nas mãos o mais importante de todos os poderes, que é o político, e como moeda de troca, o poder de investigar seus detentores. Fica aí o alerta, Abram os olhos senhores deputados e senadores

keepinhouse

Arquivo do blog

Seguidores