sábado, 3 de março de 2012

ESRC Pathfinder Network on the Brazilian Economy

Caros leitores (as), segue abaixo o link para os resultados do projeto que fiz em 2011, com os economitsas Nauro Campos, Cecília Lustosa e Carlos Eduardo Yung. Minha parte foi sobre criminalidade no Brasil e ciclos econômicos, desarmamento, homicídios, etc. Infelizmente não há versão em portugues:

http://www.naurocampos.net/pnbr/pnbr.html

The project was funded by the Economic and Social Research Council (ESRC) between March 2010 and March 2012.

Since the mid 1990's, Brazil embarked on a deep process of economic restructuring. The economy gradually opened up to international trade and investment, while unique social programs were put in place with significant implications for regional and income inequality. This has been accompanied by a substantial acceleration in the growth rates of per capita GDP. Although these rates are still low compared to those of China and India and, to a lesser extent, Russia, growth in Brazil differs from that in the other “Rising Powers” in important areas affecting the sustainability of the growth process itself.

This research project focuses on three of these aspects: innovation, inequality and crime. The PBR network was funded to conduct research examining the relationship between economic restructuring, on the one hand, and the accelerating environmental degradation, urban crime and regional inequality in this period in Brazil, on the other. Each of these areas represents one important barrier to the sustainability of the process of economic restructuring.

Crime, inequality, and environmental degradation all entail social costs and the project documents, and analyse how the potential importance of each has changed (albeit in rather different ways) in Brazil since the mid-1990s and discuss the wide implications for policy, as well as for future academic research.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Criminalidade no Brasil desacelera no último trimestre de 2011


A criminalidade se movimenta em ciclos, como já repetimos e mostramos diversas vezes neste blog. Para identificar estes ciclos e suas fases elaboramos um indicador que é composto pelas variações médias dos principais crimes dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e da Cidade de Salvador.

Séries históricas longas e publicação mensal de estatísticas criminais foram os motivos da escolha destes locais para a composição do Índice Geral. A nos fiarmos neste indicador, os ciclos no Brasil seriam os seguintes, a partir de 2002:





1 ciclo - baixa - de janeiro a agosto de 2002 - duração 8 meses
2 ciclo - alta - de setembro de 2002 a setembro de 2003 - duração 13 meses
3 ciclo - baixa - de outubro de 2003 a maio de 2004 - duração 8 meses
4 ciclo - alta - de junho de 2004 a março de 2005 - duração 10 meses
5 ciclo - baixa - de abril de 2005 a janeiro de 2006 - duração 10 meses
6 ciclo - alta - de fevereiro a dezembro  de 2006 - duração 11 meses
7 ciclo - baixa - de janeiro de 2007 a maio de 2008 - duração 17 meses
8 ciclo - alta - de junho de 2008 a maio de 2009 - duração 12 meses
9 ciclo - baixa - de junho de 2009 a abril de 2010 - duração 11 meses
10 ciclo - alta - de maio de 2010 a setembro de 2011 - duração 17 meses

Tendo atingindo um pico por volta de setembro, a criminalidade desacelerou por 3 meses consecutivos no último trimestre, sugerindo que estamos entrando em um novo ciclo de baixa da criminalidade, o 11º desde 2002.

Analisando por área, em São Paulo o ICSP passou de 53 pontos em setembro para 31 em dezembro, no Rio de Janeiro, que vinha diminuindo a intensidade da queda criminal, voltou a intensificá-la entre outubro e dezembro, no Rio Grande do Sul o ICRS passou de 9 pontos em setembro para - 16 em dezembro. E mesmo Salvador, não obstante a greve de janeiro, melhorou seu desemprenho no último trimestre de 2011. Minas Gerais, infelizmente, ainda não publicou nenhum dado do ano anterior... Mesmo o roubo de veículos, que cresceu acentuadamente em todas as áreas desde agosto de 2010, como alertamos em posts anteriores, começa a arrefecer a partir de setembro de 2011. (se minha teoria de que os criminosos são os primeiros a sentir os efeitos econômicos estiver correta, as taxas de inadimplência na economia devem desacelerar nos próximos meses...)







Tomando estes 117 meses como base, sabemos que os ciclos duram em média 11,7 meses, com amplitude variando de 8 a 17. Embora  os ciclos de alto e baixa tenham aproximadamente a mesma duração, nos últimos anos as fases de baixa tem sido mais intensas do que as de alta, o que explica a queda da criminalidade nestes locais nos últimos anos.

Ainda é prematuro declarar que já estamos em queda de maneira inequívoca, mas existem indícios que corroboram esta impressão: primeiro, o ciclo de alta já durou muito mais do que o esperado, 17 meses consecutivos - e uma hora inevitavelmente ocorre uma inversão. Além disso, as quedas ocorrem mais ou menos simultaneamente em todos os Estados analisados e já estamos no terceiro mês consecutivo de queda. Finalmente, a economia deu sinais de recuperação tênue no último trimestre, o que sempre gera impactos positivos sobre a criminalidade.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Prepare o bolso para o aumento do seguro do seu carro em 2012

Analisando as estatísticas criminais de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia, que publicam seus dados mensalmente (como sempre defendi...) mostramos que o pais passa por um ciclo de alta da criminalidade desde o segundo semestre de 2010. Minas Gerais, infelizmente, não publicou ainda nenhum dado de 2011 mas ali também é perceptível uma piora nos crimes patrimoniais desde maio de 2010.
E o carro chefe desta elevação criminal é o roubo de veículos, indicador cuja confiabilidade é elevada em virtude da baixa subnotificação. Vejamos a evolução deste indicador de setembro de 2010 a setembro de 2011: no Rio de Janeiro 9,5% de crescimento nestes 12 meses, no Rio Grande do Sul  16,7%, em São Paulo 28% e na Bahia (dados apenas da Capital) 59,3%. Na média, um crescimento de 24,6% nos roubos de veículos do ano passado para cá.


Como já discutimos anteriormente, a desaceleração econômica explica em parte esta tendência, que é geral, e a gestão explica outra: o impacto da piora econômica em todos os indicadores tem sido menor no Rio de Janeiro, onde o governo inova na segurança. Por isso a variação do roubo de veículos no RJ é menor e se deu mais tardiamente do que em outros lugares.




Uma consequência indireta é o aumento dos latrocínios, uma vez que a maior parte dos latrocínios ocorre durante tentativas de roubo a veículos. Outras consequências são o aumento da sensação de insegurança, mais gente circulando armada para defesa pessoal e portanto, a média prazo, impacto sobre os homicídios. Por fim, mesmo para quem não teve o veículo roubado, aumento nos seguros para todos, em função do aumento da sinistralidade. (curiosamente, o valor do seguro raramente cai quando há queda na sinistralidade...)
Finalizo agradecendo aos quase 10 mil leitores do blog, desejando um feliz Natal / Chanuká  a todos e que seu carro não seja roubado em 2012 !

sábado, 26 de novembro de 2011

Aumento da criminalidade desacelera em outubro em SP

Os dados divulgados pela SSP-SP relativos a outubro trazem a confirmação de algumas tendências mas também algumas novidades.  Confirmam que estamos num ciclo de alta da criminalidade desde o segundo trimestre de 2010 mas que a força dos aumentos parece finalmente diminuir gradualmente.
Os homicídios crescem há 5 meses, comparados 'a 2010 (ou há 8 meses, se contarmos os meses de desaceleração, desde março) mas com força menor: 20% de aumento de julho sobre julho de 2010, depois 11% em agosto, 9% em setembro e 5% agora em outubro.  Em resumo, crescimento, mas a taxas menores. Com resultado, a taxa estadual em outubro fica em 10.55:100 mil, acima dos 10 novamente, como ocorreu em abril, julho e agosto desde ano.
Latrocínios dobram com relação ao ano passado (26 em outubro X 13 em outubro de 2010) e neste caso a tendência não está clara pois a quantidade pequena de casos faz com que as variações oscilem bruscamente de um mês para outro.
Tráfico de drogas, que é antes um indicador de atividade policial do que de incidência do fenômeno, perde força:  contando desde de maio de 2011 temos as seguintes taxas de crescimento: 34%, 23%, 14%, 8%, 11% e 9% agora em outubro, sugerindo diminuição da repressão ou, mais improvável, diminuição do consumo em razão da desaceleração econômica.
Com relação aos demais crimes patrimoniais: roubo a banco sobe há 6 meses, roubo de carga e roubo outros estão estáveis e furto de veículos cai pela primeira vez no ano agora em outubro, com -6% com relação a 2010. Os furtos outros sobem 3% agora em outubro mas também sugerem desaceleração da alta: depois de aumentar 16% em abril, os aumentos diminuem para 15%, 6% e 5% de julho a setembro.
O caso mais grave é ainda o do roubo de veículos, que continua subindo por 13 meses consecutivos (ou 20 meses, se contarmos a fase de desaceleração).  Com 7069 veículos roubados em outubro, este é o pior mês da série desde outubro de 2004 e próximo dos níveis observados durante a crise de 2003!
Em resumo, o Índice Geral de criminalidade no Estado sobe 23% em outubro sobre outubro de 2010, mas sobe menos do que nos últimos meses. Até o final do ano teremos provavelmente crescimento dos crimes em São Paulo mas é possível que em 2012 tenhamos nova inversão do ciclo. Esta suposição é confirmada pelos dados do Rio Grande do Sul de outubro, que também revelaram quedas. Infelizmente não é possível comparar com a tendência mais recente do Rio de Janeiro, cujos dados mais atualizados são de julho.

sábado, 22 de outubro de 2011

Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro divulgam seus últimos dados criminais

Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro divulgaram recentemente seus últimos dados criminais - de setembro no RS e de julho de 2011 no RJ. Como mostramos em blogs anteriores, o Rio Grande do Sul segue a trajetória dos demais estados, como São Paulo e Bahia, cuja queda da criminalidade se inverte a partir do segundo semestre de 2010, assumindo uma tendência de crescimento, como mostra a tabela abaixo:



Depois de uma queda acentuada em novembro de 2010, os homicídios no RS passam a crescer e sobem 25% agora em setembro, comparado ao mesmo período de 2010. Os roubos vão de -27% para +2% em setembro e os roubos de veículo de -29% para +17%, sempre comparando ao mesmo período do ano anterior. Como resultado, o Índice Geral do RS passa de -98% em novembro de 2010 para +26% agora em setembro, tomando a variação média dos 5 crimes principais. Este já é o terceiro mês consecutivo com variação positiva da criminalidade no RS.

O Rio de Janeiro, por outro lado, mantem uma queda consistente dos índices criminais nos últimos dois anos, mas mesmo ali parece que o ritmo da queda diminui lentamente, a partir de fevereiro de 2011.

Depois de cair -24% em março de 2011 sobre 2010, os homicídios no RJ sobem agora 3%, comparando julho de 2011 com o ano anterior. Os outros crimes ainda estão em queda, mas desacelerando: roubos vão de -17% para -10%, roubo de veículo de -24% para -3%, furto de veículos de -26% para -19%. Como resultado, o Índice Geral do Rio passou de -79 em fevereiro para -31 em julho de 2011, comparado a 2010, novamente tomando a variação média dos indicadores criminais principais. A desaceleração ocorre mais de um semestre após os outros estados e é cedo para dizer que se trata de uma reversão de tendência.

Mas acende o sinal vermelho de alerta no Estado que vinha revelando os melhores resultados na segurança pública nos últimos dois anos. Com a economia desacelerando, como apontamos muito tempo antes aqui observando a evolução dos roubos, que antecede sempre a piora, é de se esperar que dificilmente o RJ volte a apresentar tão cedo os excelentes resultados dos últimos meses.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Brasil passa por ciclo de alta moderada da criminalidade

Em outra ocasião descrevemos os oito ciclos criminais no Estado de São Paulo, nos últimos anos. A intenção agora é descrever os ciclos “gerais” baseados na evolução criminal mensal de quatro estados brasileiros – São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, uma vez que são raras ainda as polícias que disponibilizam dados mensais.

Para isso precisamos inicialmente de um índice agregado de criminalidade. Para compor este Índice Geral acompanhamos mensalmente 17 variáveis criminais nestes estados, desde 2001, contemplando tanto homicídios dolosos quanto os principais crimes patrimoniais. Como a ideia é identificar ciclos de maior duração, transformamos os números absolutos em variações com relação aos últimos 12 meses, que foram somadas dentro de cada estado. Finalmente, o índice geral é extraído de uma variação médias das variações destes quatro sub-índices estaduais.

No período de 115 meses analisados discernimos 10 ciclos, sendo cinco de alta e cinco de baixa. Os ciclos duram de 8 a 17 meses e são assimétricos: na fase de alta a criminalidade tende a aumentar 16% enquanto na fase de baixa as quedas são mais acentuadas, em torno de 44%. (tomando as variações médias de Hubber, onde são expurgados os valores muito discrepantes).



Isto significa que nos últimos anos há uma tendência de queda da criminalidade nestes estados, pois embora tenham aproximadamente a mesma duração, as quedas são mais intensas do que as elevações.
A tabela abaixo sintetiza as principais características de cada ciclo, com datação, duração e variação média da criminalidade em cada um.




O último ciclo, de alta, começou por volta do segundo semestre de 2010 e ainda não terminou, apesar de já perdurar 12 meses. Note-se que, diferente dos demais, ele é antes uma desaceleração da queda do que um aumento da criminalidade, ao menos até este momento. São as quedas sistemáticas de criminalidade no Rio de Janeiro nos últimos dois anos que tem puxado o índice para baixo, pois em São Paulo e Rio Grande do Sul já notamos crescimento da criminalidade.

O gráfico abaixo, por sua vez, traz o índice geral no eixo horizontal e nas linhas verticais o turning point de cada um dos dez ciclos. Note-se como os picos têm sido menores e os fossos mais aprofundados, sugerindo queda da criminalidade no tempo.





O que faz com que a criminalidade varie ciclicamente? Como temos insistido e mostramos em artigo recente em Londres, o contexto econômico explica em boa parte estas variações, embora seja possível atenuar seus efeitos com uma política consistente de segurança. Tome-se por exemplo os cheques sem fundo divulgados mensalmente pelo Serasa como indicador do contexto econômico. O gráfico abaixo traz a variação no volume de cheques devolvidos com relação aos últimos 12 meses na horizontal e na vertical, novamente, os turning points dos nossos dez ciclos criminais. Alguma semelhança? (a correlação visual sugerida pelo gráfico é corroborada pelos coeficientes significativos de correlação cruzada entre as duas séries, diferenciadas em 1° ordem, nos lags -1, 0 e 1, mas não quero matar o leitor de tédio).




Em resumo, estamos vivenciando um ciclo de alta criminal moderada mas que ainda não terminou. Que intensidade terá e quando acabará dependem, entre outros fatores, da situação econômica e da qualidade das políticas de segurança adotadas.

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