quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Onde fui Roubado (e o que a polícia sabe sobre isso)?

Tulio Kahn, sociólogo e coordenador do Conselho de Segurança Pública do Espaço Democrático. Uma dupla de jovens programadores criou em 2013 um serviço na internet chamado “Onde fui roubado”, onde as vítimas registram on-line os crimes patrimoniais que sofreram, detalhando informações como local, data, hora, tipo de crime e outras características do incidente. O intuito é alertar outros usuários sobre os riscos de vitimização naquela área. Desde que entrou em funcionamento o serviço já coletou informações sobre milhares de crimes nas principais cidades brasileiras. Embora a quantidade de participantes seja pequena diante do universo de vítimas e a amostra, como toda pesquisa on-line, sofra de viés de seleção (a participação é voluntária, o indivíduo precisa ter acesso a computador e rede, etc.) é possível extrair informações relevantes dos dados prestados pelas vítimas. A tabela abaixo traz as informações coletadas em 2013 em 15 grandes cidades brasileiras, somando 6.136 incidentes. Em geral os homens são a maioria das vítimas dos crimes patrimoniais (61%), os celulares (67%) e carteiras (34%) são os objetos mais visados pelos criminosos e os roubos, com violência ou ameaça, são mais frequentes do que os furtos. O dado mais interessante do levantamento, todavia, é o que diz respeito à notificação do crime aos órgãos policiais. Ele nos traz uma aproximação do que os criminólogos chamam de taxa de subnotificação ou “cifra negra”, ou seja, aquela parcela de crimes que ocorre mas por diversos motivos não chega ao conhecimento dos órgãos oficiais. A julgar pelas respostas, a notificação de crimes patrimoniais nestas cidades está ao redor de 50%, o que equivale a dizer que as estatísticas oficiais de criminalidade representam apenas metade dos crimes ocorridos. Trata-se de um fenômeno mundial que é regularmente estimado e estudado nas Pesquisas de Vitimização, patrocinadas pelo poder público justamente para conhecer a dimensão da cifra negra, entre outros objetivos. Na ausência de uma pesquisa nacional e atualizada de vitimização, o “Onde fui roubado” fornece estimativas aproximadas de notificação de crimes patrimoniais, para várias cidades, e que podem ser atualizadas semanalmente. Segurança pública será um dos principais temas das próximas eleições estaduais e é preciso alertar população e gestores que, em função da subnotificação, o problema é pelo menos o dobro do estimado pelo poder público! - See more at: http://www.psd.org.br/artigo/onde-fui-roubado-e-o-que-a-policia-sabe-sobre-isso/#sthash.x8vzkFJx.dpuf

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