sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Piora na sensação de insegurança

O lançamento do 7º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública com dados de 2012 mostra o crescimento da criminalidade do país em relação a 2011, em especial dos homicídios. Além da divulgação das estatísticas oficiais governamentais, a semana trouxe também uma série de dados novos sobre a evolução das percepções com relação à criminalidade e as polícias. Este aspecto subjetivo é relevante pois ele tem impacto bem real na segurança e na economia: o ideal é que haja congruência entre os dois tipos de indicadores (objetivos e subjetivos) pois temos um sério problema de segurança quando a percepção se deteriora: pessoas deixam de sair de casa, empresas deixam de investir, turistas deixam de viajar, há menos colaboração com a polícia e a justiça, mais pessoas saem armadas para as ruas, etc. No que tange as percepções, tivemos a divulgação da nova rodada da pesquisa CNT/MDA, que monitora a expectativa da população com relação à segurança pública nos próximos seis meses. Os que avaliam que a situação da segurança “vai melhorar” no país caíram de 48,9% em agosto de 2011, quando a questão foi formulada pela primeira vez, para 27,7% em novembro de 2013. Vendo por outro ângulo, a expectativa de piora cresceu de 19,3 para 29,3% no mesmo período. O crescimento da criminalidade e, eventualmente, a sensação de desordem promovida pelas manifestações violentas, podem ter contribuído para a piora do cenário. A tendência corrobora as informações da pesquisa CNI/IBOPE, que já revelavam meses atrás a queda na aprovação do governo com relação à violência, que diminuiu de 44% em março de 2011 para 31% em junho de 2013. Dados da mesma pesquisa CNT apontam que segurança é uma das áreas que mais precisam de melhorias no Brasil (terceiro colocado na lista, com 34,3% de menções) e que nada menos que 91,5% dos entrevistados se diz “muito preocupado” com a violência. Para piorar o quadro, temos a nova divulgação do Índice de Confiança na Justiça da FGV, que avalia o grau de confiança da população em diversas instituições. A nova rodada 2013 aponta que 70,1% da população não confia nas polícias, 8,6 pontos porcentuais acima do registrado no primeiro semestre de 2012. Quanto menor a confiança nas polícias, menores as chances de colaboração com elas, o que tende a acirrar ainda mais o quadro criminal. A piora na sensação de segurança e na confiança na polícia faz com que as pessoas voltem a andar armadas nas ruas para (pretensamente) se protegerem, o que pode explicar em parte o crescimento dos homicídios. É preciso romper este ciclo e uma boa forma de fazer isso é repensar nosso modelo antiquado e ineficaz de policiamento.

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