sábado, 20 de outubro de 2012

Para onde vão os homicídios no Brasil ?


O Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo realizará no próximo dia 30 de outubro, às 9h da manhã um seminário técnico sobre a situação atual da criminalidade no Brasil. A ideia é avaliarmos as tendências dos homicídios a partir dos dados mais recentes nos estados brasileiros.

 

Políticas gerais e medidas específicas conduzidas pelas instituições públicas de segurança, mudanças no padrão demográfico e uma maior organização do crime têm sido apontados como fatores que explicam a variação dos homicídios. Em São Paulo, a epidemia de homicídios que alcançou seu ponto alto entre 1998 e 2001 quando começou a reduzir até o ano passado, foi explicada pelo jornalista Bruno Paes Manso (Estadão), ex-pesquisador do Instituto Fernand Braudel, como sendo resultado de avanços institucionais. Em sua tese "Crescimento e queda dos homicídios em São Paulo: Uma análise dos mecanismos de escolha homicida e das carreiras no crime", defendida em agosto na Ciência Política da USP, Bruno realiza uma análise qualitativa para demonstrar os mecanismos sociais que causaram o movimento da curva de homicídios na capital e Região Metropolitana entre 1960 e 1999.

 

Você é nosso convidado especial para participar desse seminário no qual reuniremos pesquisadores, técnicos públicos e autoridades da área de segurança para refletir sobre para onde caminham as taxas de criminalidade e as principais medidas adotadas pelos Estados para conter a violência.

 

Pretendemos ter o maior número possível de especialistas e por isso contamos com seu apoio disseminando esse convite e recomendando de estudiosos e agentes públicos que julgue relevantes para se fazer presentes.

 

Esperamos sua confirmação e suas indicações.

 

Atenciosamente,

 


Nilson Vieira Oliveira

Coordenador

Cel.: 11 9 8757-5224

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

'Estatuto do Desarmamento colaborou para queda de homicídios na região Sudeste'

No Nordeste, acelerado desenvolvimento econômico fez crescer os crimes patrimoniais e uso de armas de fogo para proteção pessoal, afirma cientista político

 
Tulio Kahn

A taxa de homicídios brasileira está em 26,2:100 mil habitantes, segundo dados de mortalidade do ministério da saúde de 2010. O crescimento linear observado desde 1980 foi estancado por volta de 2003, ano em que entrou em vigor o Estatuto do Desarmamento, em razão de quedas observadas principalmente na Região Sudeste. O processo de redução seria ainda maior, não fosse o crescimento observado nas regiões Norte e Nordeste, onde o acelerado desenvolvimento econômico fez crescer os crimes patrimoniais e com eles o uso de armas de fogo para proteção pessoal.
O sociólogo Max Weber alerta que o futuro deve ser deixado aos astrólogos, mas ainda assim, com base nas tendências recentes, é possível apontar para a continuidade da queda das taxas de homicídio nos próximos anos, em razão de vários fatores, como a diminuição da proporção de jovens na população, o aumento dos investimentos em segurança pública, a diminuição do ritmo de crescimento econômico acelerado no Norte e Nordeste, a redução das desigualdades sociais no país, o aumento do rigor na fiscalização do consumo de bebidas alcoólicas, o uso mais intenso de sistemas inteligentes pelas polícias e a diminuição da impunidade dos crimes dolosos contra a vida.
Os ritmos deste processo serão desiguais, em função da maior ou menor presença destes fatores nos estados e é possível que haja retrocessos, pois depende da continuidade das políticas públicas adotadas regionalmente. Mas a experiência internacional corrobora que, passado certo limiar de desenvolvimento econômico e social, as taxas de homicídio tendem a diminuir.
Tulio Kahn é cientista político e ex-coordenador de análise e planejamento da Secretaria de Segurança Pública

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Perdendo a batalha contra a violência?

foto: Érica Dezonne/AAN
O cientista político e sociólogo Tulio Kahn defendeu a criação de um sistema de dados e coleta de informações pelas empresas de comunicação membros da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), durante o painel “Perdendo a batalha contra a violência?”, no último dia da 68ª Assembleia-Geral da SIP.
Além das mortes, é necessário contabilizar todos os tipos de ameaça contra a imprensa, segundo Kahn. “Desta forma é possível mapear o modus operandi da violência de acordo com o país ou região e proteger melhor os profissionais”. No Brasil, a maior parte dos casos de morte de jornalistas nos últimos anos ocorreu fora do eixo Rio-São Paulo.
Os jornais também têm deixado de fazer uma cobertura ampla da criminalidade nas grandes metrópoles, de acordo com o sociólogo. Em 2011, a cobertura de várias modalidades de crimes por parte dos dois maiores periódicos da Capital paulista não chegou a 1%.
Em entrevista ao Correio, Kahn afirmou considerar natural os jornais darem maior visibilidade à violência cometida a pessoas conhecidas ou crimes passionais. No entanto, é importante os repórteres estarem atentos às estatística criminais. “É necessário contextualizar. Perceber as oscilações dos números, verificar porque os fenômenos acontecem”, disse o sociólogo.
Khan também criticou a cultura dos três mitos- hiperdimensão, hiperpericulosidade e impunidade-, que, segundo ele, impera na imprensa. “É por conta desses vícios da cobertura dos jornais que a redução da maioridade penal tem grande apoio popular, por exemplo”, afirmou. Leis criadas às pressas, frutos de casos de violência de grande repercussão na mídia, também se mostram ineficazes no futuro, de acordo com Kahn. “A Lei de Crimes Hediondos, criada após o assassinato da Daniela Perez, não teve efeito na diminuição de crimes quando foi criada. Os números só começaram a cair 10 anos mais tarde, com o Estatuto do Desarmamento”.
enviada por Cecília Polycarpo

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